A SIC prometeu a melhor gala de sempre dos Globos de Ouro durante a passadeira vermelha. Tenho dificuldades em crer que cumpriu a promessa, mas é inegável de que foi a mais eficaz dos últimos anos.
A receita é a mesma há anos e, sempre que a SIC tenta alterá-la, estraga aquilo que já é bom. Este ano, o canal optou por uns Globos de Ouro mais clássicos e mais sóbrios, conseguindo momentos de grande emoção. Além disso, é impossível não reforçar a justiça de grande parte dos prémios deste ano.
O melhor dos Globos
Houve dois grandes momentos na noite de domingo: aquele em que Manuel Luís Goucha foi, finalmente, premiado e aquele em que Catarina Furtado encheu o palco para homenagear Sara Tavares. Foram momentos emotivos e que tornaram a gala única.
A par dos dois momentos, há também a destacar a preparação de Clara de Sousa e de grande parte dos “apresentadores” convidados, os momentos musicais e a prestação das Três da Manhã nos momentos de humor.
Joana Marques, Inês Lopes Gonçalves e Ana Galvão foram mordazes, mostrando uma coragem ímpar de enfrentar todas as individualidades do Coliseu dos Recreios com verdades mais ou menos duras. Goste-se ou não, conseguiram fazer humor no tom certo, num dos melhores momentos dos últimos anos, não cedendo à graça fácil.
O pior da noite
A SIC já não tem o dinheiro de outros tempos. É compreensível! Por isso, não vem mal ao mundo deixar de cumprir a tradição no que toca a convidados internacionais. A interpretação de Las Ketchup foi sofrível e motivo de chacota posterior. Não havia necessidade!
Também a abertura está cada vez menos interessante. A banda e os bailarinos são ótimos, estes últimos até mal aproveitados ao longo da noite, mas não se pode fazer mais nada? Faltou algum brilho para começar a noite.
Os premiados
Finalmente, a entrega de prémios não foi óbvia e não favoreceu a SIC, como, sejamos justos, tem acontecido nos últimos anos. Ainda assim, começa a ser desconfortável, até para o próprio, a vitória de Ricardo Araújo Pereira no humor. Aliás, o profissional acabou por aproveitar o discurso para falar sobre os restantes nomeados.
Obviamente que Ricardo é extraordinário humorista e um homem extremamente inteligente, mas não é menos verdade que o seu humor não tem evoluído ao ponto de ser premiado ano após ano. Herman José, como Ricardo referiu, faz 50 anos de carreira, Joana Marques é o nome do humor mais falado do momento e Guilherme Geirinhas encontrou o seu espaço. Terá sido justo?
Por último, o primeiro Globo de Ouro Internacional foi entregue ao Tribeca Festival. Quanto a mim foi uma grande “lambe botíce” sem grande lógica.