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9 de Novembro, 2021

Opinião. O mesmo de sempre, talvez para sempre

Divulgação/TVI

‘Para Sempre’ é a nova novela da TVI que estreou esta segunda-feira (08/11). A história, protagonizada por Inês Castel-Branco e Diogo Morgado, não entusiasmou num primeiro episódio mal construído e levado por uma história centrada em temas já banalizados. A sensação é a de que estamos perante o mesmo de sempre.

‘Para Sempre’ começou com um genérico pouco esforçado, em que os rostos dos protagonistas surgem com bonitas paisagens como pano de fundo. Não é extraordinário, mas podia ser pior. Antes isto que mulheres despidas e “lambidas” por um bonito lenço de seda como chegou a ser moda.

A história começa com Diogo Morgado (Pedro Valente) a fazer o papel do costume, sempre de mal com a vida e perturbado por um passado que não conhece, mas que lhe alimenta os sonhos, ou o pesadelos neste caso. Daí, passa-se diretamente para um jogo de futsal juvenil em que um padre (António Capelo) é o treinador e que, para percebermos que não é de boa rês, incentiva os miúdos da sua equipa a “partirem as pernas” aos adversários. Antes, o eterno “hot Jesus” tinha recebido uma chamada misteriosa em que a personagem de Ana Bustorff lhe dizia que a sua mãe é rica.

É por isso que Pedro procura o padre que o criou na esperança de saber sobre o seu passado aquilo que, mais tarde se vai perceber, é um segredo mal guardado pelo padre e pela “telefonista” que está desejosa de meter a boca no trombone.

Para resumir, a personagem de Inês Castel-Branco (Clara) é muito rica, mas é boazinha e sofre com a dificuldade em engravidar, não só pela infertilidade, mas também porque não gosta do namorado que a pediu em casamento e que acabou por levar com um “nim” como resposta. A história da mulher acaba por ser contada a duas amigas, na rádio onde trabalha uma delas, e onde acabam por adormecer, vá-se lá saber porquê. Antes, ainda tem tempo de dar aulas de música a crianças e escalar a serra com elas. Para quê? Pois, também não sei.

Pelo meio, o núcleo cómico dá um ar da sua desgraça. Perdão, da sua graça. Mais uma vez, são os pobrezinhos da mercearia ou do café a dar alguma alegria à novela. Recordo que fugir à história central no primeiro episódio significa que alguma coisa não deve estar muito bem. Depois, é a vez de Marina Mota (Antónia Novais) fazer de má, de mostrar que não tem uma boa relação com o filho, Pedro Sousa (Lourenço Novais), e que quer muito que ele case com a protagonista para salvar os negócios da família. Ao mesmo tempo, tudo isto em complô com o pai de Clara, o Luís Esparteiro (Bento Sampaio de Menezes). Ou seja, precisam do dinheiro uns dos outros e para isso tem de haver um casamento?

Ainda na estreia houve tempo para um assasinato por parte do protagonista, na juventude, que ajudou a separar o casal principal, que gostavam muito um do outro, mas que não dava muito jeito estarem juntos. Além disso, houve ainda tempo para Diogo Morgado nadar numa piscina, para mostrar a sua riqueza, e ter um acidente de automóvel, propositado, para ir parar a uma clínica, e não ao hospital que aquilo é tudo gente rica, para tentar descobrir quem é a sua mãe nos registos, mas nem nisso teve sorte. Arranhou-se todo e registos que é bom, nada.

No fim, a vilã António Novais encontra o padre Elias e ficamos a saber que ela é a mãe de Pedro Valente que o tinha abandonado à porta da igreja. Resumindo, ficámos a saber de tudo e não ficámos a saber de nada.

O lado bom

‘Para Sempre’ não é uma novela extraordinária e nem disfarçou no primeiro episódio, embora isso não signifique que não tenha coisas boas. As paisagens, a descentralização para o Minho, o elenco e algumas interpretações foram boas. A isso junta-se a duração da estreia que não se alongou e assim também não cansou os espectadores. 

Diogo Morgado esteve bem, mesmo não sendo uma personagem completamente nova para ele. Destaque ainda para Matilde Breyner que vive o papel de uma hacker e que, apesar dos maus textos e da história mal contada, conseguiu dar credibilidade à sua Eva. Foco ainda para a grande interpretação da criança que chora à porta da igreja quando percebeu que a sua mãe não volta para o levar, isso sim foi muito bom.

No geral, e avaliando o primeiro episódio, ‘Para Sempre’ está longe de ser a novela que a TVI precisa nesta altura, tratando-se de mais um erro dos seus programadores. Além de repetitiva, a trama é pesada e já ficou provado várias vezes que isso não faz o género do público do canal. Falta uma novela bem feita, mas mais popular, mais fácil de consumir.

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