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6 de Junho, 2021

Opinião. Uma cautela com sorte grande para a RTP

‘Programa Cautelar’ estreou, este sábado à noite (05/06), na RTP1, e marcou o regresso de Filomena Cautela à televisão. O primeiro programa debruçou-se sobre as ‘fake news’, ou seja, as mentiras que circulam pela Internet e mostrou aquilo que andava a fugir à algum tempo ao primeiro canal: um verdadeiro serviço público capaz de entreter.

Filomena Cautela na estreia da RTP
Programa Cautelar/Instagram

A RTP tem vários programas de informação e debates, todos eles muito válidos, mas nenhum capaz de fazer aquilo que Filomena Cautela fez no ‘Programa Cautelar’. Nem sempre o telespectador está disposto a “perder tempo” com formatos que abordam temas que, à partida, não são do seu interesse e, sobretudo, se isso for feito de forma mais tradicional, correndo então o sério risco de se tornar enfadonho.

O que a nova aposta do canal público faz é ajudar-nos a entender, ou mesmo alertar-nos, para problemas que nos cercam no dia-a-dia e que, muitas vezes, não damos por eles, apesar de nos envolverem, como é o caso da “desinformação”. 

Ao longo de 45 minutos, na estreia, Filomena Cautela apresentou de forma enérgica e eficaz testemunhos, gráficos, percentagens e muita informação. Ao mesmo tempo, foi capaz de nos entreter e quebrar a avalanche de informação com pequenas piadas que nos serviram de balão de oxigénio. 

O cenário do ‘Programa Cautela’ é uma espécie de cubo aberto em que as paredes são ecrãs, que permitem mostrar todos os dados e fazer um jogo de câmaras interessante, apelativo e que a apresentadora dominou como ninguém.

Valeu a pena esperar pela profissional, que abandonou o ‘5 Para a meia-noite’ por já não sentir que fazia a diferença. Agora faz, com verdadeiro serviço público e mais eficaz do que o habitual.

O que correu menos bem?

Os 45 minutos do programa são ideiais para o público não se cansar. Ainda assim, foi tanta a informação que acredito que alguns espectadores tenham ficado confusos, sobretudo aqueles que não dominavam o tema das “notícias falsas”. 

Além disso, é, de uma vez por todas, importante que em televisão se perceba que nem todas as pessoas dominam estrangeirismos ou expressões provavelmente mais utilizadas por jovens.

Junta-se às coisas menos boas, o dia de transmissão. Não me parece que um início de sábado à noite seja o dia e o horário indicados para chamar a atenção do público para determinada problemática. Muitas vezes, a RTP faz tudo bem, só não programa as suas apostas para o dia e a hora corretos. Em suma, com todas as escolhas fica-se sem perceber quem é o público alvo deste novo programa.

Inspiração ou cópia?

Há já opiniões que revelam existir programas internacionais em tudo idênticos ao de Filomena Cautela. ‘Patriot Act with Hasan Minhaj’, da Netflix, é um dos exemplos. A apresentadora nunca admitiu que formatos lhe serviram de inspiração, mas isso interessa?

O formato é bom, a apresentadora está muito bem e o propósito de serviço público está cumprido. O resto é conversa!
Já agora, a estreia foi o programa mais visto do dia da RTP1, informa o site Zapping-TV, segundo dados da GFK/CAEM. Em média, cerca de 621 mil espectadores viram o ‘Programa Cautelar’, que conquistou 6,6% de audiência média e 13,8% de quota de mercado.

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