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28 de Maio, 2017

Ficha Técnica com Mariana Marques: “Não pretendo regressar à televisão tão cedo”

Fotografia.: Mariana Marques

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   Mariana Marques foi uma mulher numa profissão dominada por homens. Aos 25 anos foi repórter de imagem na TVI e na CMTV.

   A jovem de Marco de Canaveses fez da televisão a sua vida durante mais de três anos. Além dos dois canais de televisão, onde fez apenas trabalhos para a informação, passou ainda pelo Porto 24 e pelo Jornal de Notícias.

Recentemente abandonou a profissão e mudou-se para Barcelona. Ao “Ficha Técnica”, conta como vive uma mulher numa profissão na qual os homens estão em maioria. Fala ainda das dificuldades de um Repórter de imagem, da precariedade e revela que não pretende regressar à televisão se as condições se mantiverem como estão.

Mariana Marques

   A Caixa que já foi Mágica.: Porque é que deixou a televisão?

   Mariana Marques.: Deixei a televisão por causa da precariedade e da instabilidade relativamente ao futuro.

   ACQJFM.: Regressar à televisão faz parte dos seus planos?

   M.M.: Não, não pretendo regressar tão cedo. As condições teriam de mudar muito, algo que não me parece possível.

   ACQJFM.: Qual é o seu percurso profissional?

   M.M.: Comecei a estagiar no Jornal de Noticias. Depois fui para o Porto24 fazer reportagens sobre várias temáticas inerentes à cidade. Mudei-me para a CMTV até que recebi uma proposta da TVI, onde estive um ano e quatro meses. Agora estou em Barcelona.

   ACQJFM.: Além de, obviamente, captar imagem, o que é que faz um Repórter de imagem?

   M.M.: A principal função do Repórter de imagem é contar a história ao telespetador através daquilo que filma. Para isso, quando está no terreno tem de criar uma sequencia mental da montagem final da reportagem. Ou seja, quando está no terreno tem de saber como vai contar a história. Todos os planos tem de estar relacionados para fazerem sentido a quem está a ver em casa.

   ACQJFM.: A ideia de que esta é uma profissão mais masculina é errada?

   M.M.: Nao é errada. Há poucas mulheres em Portugal a fazer jornalismo televisivo como repórter de imagem. Penso que se podem contar pelos dedos de uma mão. Ouvi sempre muitos comentários relacionados com isso: “muito bem, uma menina a fazer trabalho de homem” ou “isso é muito pesado para uma menina”, coisas deste género

   ACQJFM.: Como é que uma mulher vive neste meio profissional? Alguma vez foi discriminada, profissionalmente, por ser mulher?

   M.M.: Sinto que unca fui discriminada. Sempre consegui fazer o meu trabalho.

   ACQJFM.: Quais são as maiores dificuldades na sua profissão?

   M.M.: Sentia principalmente a nível físico. Uma mulher tem mais dificuldades de agilidade e mobilidade. Mas penso que tem um olhar mais sensível e criterioso, o que compensa.

   ACQJFM.: Ao longo dos anos as profissões da área têm sofrido alterações. Um profissional já não faz só uma coisa, exige-se polivalência. No seu caso, de que forma é que essa polivalência está patente?

   M.M.: Eu filmava e editava reportagem. Apenas isso. E é bom, gosto de ser eu a montar as minhas peças

    ACQJFM.: A crise nos meios de comunicação social afetou a sua profissão? De que forma?

   M.M.: Sim, afetou imenso. Recibos verdes, horas a mais por dia, trabalhar noites, madrugadas, por aí…

   ACQJFM.: Qual foi o momento mais difícil pelo qual passou no seu percurso profissional?

   M.M.: Momentos difíceis são todos os que se relacionem com mortes de pessoas. É sempre difícil para o jornalista.

   ACQJFM.: Profissionalmente, qual é o seu maior desejo?

   M.M.: Uma carreira internacional

   ACQJFM.: A televisão ainda é a caixa mágica?

   M.M.: Para trabalhar penso que não, já atrai poucas pessoas. Sobretudo os jovens que procuram melhores condições de vida, algo que o jornalismo não dá.

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